ENTRADA PARA O LICEU
In PASSADAS de António Estácio

  Tinha eu onze anos quando, no ano lectivo de 1958/59, entrei para o LICEU Honório Barreto, em Bissau. A sua frequência deveria rodar, no maximo, pelas duas centenas de alunos sendo  todos, se não amigos , pelo menos conhecidos. Era, o que geralmente, se costuma dizer: uma grande família.
Naquele tempo estava o Liceu instalado em dois pavilhões de rés do chão, não dispondo de qualquer vedação ou cerca que delimitasse a sua área. Os pavilhões eram apenas referenciados, atendendo à sua posição relativa em: Pavilhão de Baixo e Pavilhão de Cima.
 O Reitor do liceu era o saudoso Dr.Alfredo Marques Pequito,(*) professor polivalente, já em final de carreira e que nesse mesmo ano viera de Portugal, salvo erro, do Liceu Pedro Nunes em Lisboa.Como Vice-Reitor tinha-mos o Dr. António Caldeira Firmino,(**) residente há já vários anos na Guiné.
  Poder-se-ia dizer que para o Dr. Pequito a referência dos pavilhões era eminentemente sexual pois o de Baixo destinava-se aos rapazes enquanto o de Cima era, exclusivamente, para as raparigas. Seguia e fazia seguir, o que é mais importante, à risca esta dicotomia. Aliás, ficou desde logo célebre uma frase dele quando, certo dia, encontrou no Pavilhão de Cima um grupo de  rapazes e raparigas em animado e são convívio durante o intervalo grande- que ia das 8,50 ás 9,20 horas - disse que não queria ali misturas, pois a ordem era : saias para cima e calças para baixo (sic).
  Imagine-se a estupefacção dos "prevaricadores" e a incontida vontade de se rirem, o que levou a que o Dr. Pequito, num gesto paternal, distribuísse meia dúzia de lambadas aos que estavam  mais perto, a quem apelidou, como era habitual, de risonhos e de patétinhas.     
(*)  No Album de Fotos o nº01 da Foto 10
(**) No Album de Fotos o nº07 da Foto 10